de porta em porta

Nos primeiros anos de 2000, a cidade do Rio de Janeiro passava por um momento bastante turbulento: a sensação de insegurança nas ruas da cidade; o cercamento sistemático de propriedades, ruas e praças; o contínuo surgimento de grandes condomínios na Barra (verdadeiros presídios às avessas); o embate rotineiro de facções rivais nos morros do Rio; medidas paliativas de vigilância e monitoramento do Estado, como os polígonos de segurança, o dirigível da polícia e os helicópteros vigilantes que sobrevoavam os céus da zona sul da cidade; a blindagem desenfreada de carros de passeio, a proliferações em larga escala do transporte alternativo, foram alguns acontecimentos ocorridos neste período.


Nesta mesma época, alguns escritórios cariocas de arquitetura foram convidados para apresentar projetos e reflexões acerca da cidade em uma exposição intitulada PENSO CIDADE que gerou livro homônimo.

 

DE PORTA EM PORTA

A cultura carioca é tradicionalmente urbana. A rua sempre foi o local de convívio, criação e troca, sendo o espaço público a base para essas relações. Ao longo de um processo social doentio, presenciamos uma total desqualificação do espaço urbano com o surgimento cada vez maior de territórios restritos e desconexos. A cidade tem se tornado um vazio entre os pontos de partida e de chegada: da porta que se sai à porta que se entra.


A cidade dita formal, muitas vezes excludente, aliada ao Estado e ao Capital, se fecha em esquemas cada vez mais isolados, investindo ao máximo no privado, no particular. A cidade vai se tornando exclusivamente um fundo, uma paisagem. Aqui, o de porta em porta é a perigosa distância entre os condomínios fechados, os carros blindados e os shoppings centers, entre a praça gradeada e as torres corporativas. Já a cidade extramuros está nesta distância, no entre, às margens do Estado e do “controle”. Ela se adapta, se molda e sobrevive no território abandonado. Aqui, o de porta em porta é o outro, o de fora, o espaço preenchido pelo dito informal, vans, favelas, camelôs.

Toda a reflexão sobre a cidade, proveniente de nossa situação atual é uma questão maior – transdisciplinar - que vai além de projetos urbanos e arquitetônicos na qual o arquiteto isolado é impotente.

 

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FICHA TÉCNICA

autores Cadu Spencer, Duarte Vaz, Gustavo Leivas e Floriano Romano

ano 2002

Este trabalho foi exposto no CAU/PCRJ entre outubro e dezembro de 2002 e publicado no mesmo ano.

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