parque estadual cunhambebe
Criado em 2008 pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), o Parque Estadual Cunhambebe tem como objetivo proteger remanescentes importantes da Mata Atlântica e garantir a formação de um contínuo florestal entre a Reserva Biológica do Tinguá e o Parque Nacional da Bocaina, no estado do Rio de Janeiro. Com 99% de cobertura florestal, constituindo um total de 380,53Km², o parque guarda importantes espécies da flora e fauna, muitas destas endêmicas e ainda pouco estudadas.
A criação do parque vem acompanhada de um conjunto de ações primordiais para a sua preservação e o seu manejo. Neste sentido, a construção de uma sede – ou seja, um edifício para fins sócio-ambientais, incluindo alojamentos e área para exposições – visa a fornecer a infraestrutura necessária para o desenvolvimento dessas ações, bem como centralizar e abrigar atividades de orientação, de preservação e, sobretudo, consolidar a própria criação do parque.
Frente ao desafio de organizar um amplo programa, pré-estabelecido pelo INEA, em um terreno cedido pela Prefeitura de Mangaratiba, associado à necessidade de acessibilidade plena – desfavorecendo soluções com mais de um pavimento – optou-se por uma implantação fragmentada, constituída por uma série de construções independentes entremeadas por pátios, acessos e áreas livres, porém fortemente relacionados entre si, na medida em que o conjunto dessas edificações configura uma praça central.
O critério utilizado para o posicionamento e orientação dessas construções baseia-se nas especificidades e inter-relações de usos e de espaços, agregadas às condições ambientais que caracterizam o local. Os edifícios que abrigam as funções administrativas e de atendimento ao público foram dispostos ao longo do logradouro, funcionando como uma barreira entre a rua e o interior do terreno, no qual estão localizados outros que exigem um maior isolamento: os alojamentos de pesquisadores e de guarda-parques. Por sua vez, o Centro de Visitantes e o Auditório, definem um edifício linear – constituido por dois blocos programáticos – transversal ao logradouro e posicionado no lado maior desta praça central, que remete a figura de um triangulo.
As construções são caracterizadas pela tipologia pavilhonar, com sistema de circulação periférico, que oferece maior flexibilidade interna na disposição de espaços e atividades, sobretudo nas áreas administrativas do conjunto. Este tipo de configuração permite ainda que todos os ambientes internos às construções possuam ventilação cruzada.
Com exceção do Centro de Visitantes e do Auditório, os edifícios seguem um esquema tripartite, constituído por um embasamento em concreto armado elevado do solo, paredes em alvenaria “de tijolo deitado” e sheds em estrutura de madeira certificada. Os fechamentos laterais dos sheds são constituídos por painéis em réguas de madeira certificada no plano exterior e painéis em tela mosqueteira no interior. De acordo com as especificidades de cada ambiente, os painéis em réguas de madeira podem ser vazados, permitindo ventilação cruzada e iluminação natural, ou fechados por meio de encaixe macho-e-fêmea. A orientação dos sheds confere proteção contra os ventos fortes vindos do norte, predominantes na região, proporcionando também superfície ideal para suporte dos painéis coletores de energia solar. Por fim, todas as calhas dos sheds estão ligadas a um sistema de recolhimento de águas pluviais utilizadas para a irrigação.
Por abrigar atividades destinadas ao público visitante e expor uma síntese das atividades do Parque, o bloco do Centro de Visitantes ganha certo destaque no conjunto por meio de sua materialidade e posicionamento. Este bloco é tratado como um pavilhão leve e permeável que ladeia a mata remanescente junto à borda do terreno; cuja forma prismática alongada possui como fechamento um painel vazado, constituído por réguas de madeira certificada fixadas em estrutura metálica. Este painel funciona como uma membrana que “filtra” a luz natural e permite aeração. Este bloco é marcado pelo espaço de exposição que, delimitado tranversalmente por dois núcleos estereotômicos em estrutura de concreto armado e fechamentos em alvenaria que comportam funções de apoio, possui forte conexão com o exterior – tanto visual quanto de movimento – estabelecida por meio do uso de esquadrias de correr e painéis em tela mosqueteira que fazem o fechamento do pé-direito duplo.
Em contraposição à leveza e permeabilidade do Centro de Visitantes, o bloco do Auditório é constituído por um volume maciço, enraizado no solo e localizado na extremidade do terreno, servindo também como um mirante para a cadeia montanhosa do Parque Cunhambebe.
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FICHA TÉCNICA
programa edifício para fins sócio-ambientais, incluindo alojamentos e área para exposições
parceria MoVLe projetos
localização Mangaratiba - RJ, Brasil
área construída 1.537,00m²
arquiteto responsável Cadu Spencer
equipe Duarte Vaz (co-autor), Marcelo Marzullo, Valmir Azevedo, Laura Vilela
estagiários Beni Barzellai, Daniel Milagres Nascimento
consultores
Armando Mendes - estrutura
Elmano Baroncelli - instalações prediais
Viviane Cunha Associados - sustentabilidade
Embya Paisagens & Ecossistemas - paisagismo
cliente INEA
ano do projeto 2010-2012
estado em construção
CENTRO DE VISITANTES EM CONSTRUÇÃO
ÁREA EXPOSITIVA
FOTO: SHANA REIS
CENTRO DE VISITANTES EM CONSTRUÇÃO
CENTRO DE VISITANTES EM CONSTRUÇÃO
CENTRO DE VISITANTES EM CONSTRUÇÃO
ESQUEMA CONSTRUTIVO CENTRO DE VISITANTES
TÉRREO GERAL E IMPLANTAÇÃO
PLANTA E CORTE | CENTRO DE VISITANTE
PROJETO EXECUTIVO | CENTRO DE VISITANTES E ALOJAMENTOS