cloro
CLORO-SIMULACRO, 2014
É interessante notar como parte dos grandes condomínios construídos mais recentemente na Barra da Tijuca, além de seguir os mesmos padrões dos anteriores (sistemas fechados e monitorados) apresenta uma nova forma de organização interna. As piscinas saem do ‘clube de condomínio’ ou do sopé dos edifícios e ganham tamanho. Alcançam a centralidade geométrica no interior do lote. As piscinas tornam-se o ‘clímax’ de um simulacro não apenas de cidade idealizada, mas também de natureza idealizada. Desenhadas em formatos sinuosos¹, muitas vezes assimétricos, variam nas profundidades, nas curvas e nos tons de azul dos seus revestimentos. Essa “natureza” não é só idealizada, é também imaculada, sem manchas, mantida pelo cloro, elemento químico branqueador e desinfetante². Talvez, quem sabe, o próximo estágio para os novos condomínios seja interligar seus centros. Construir passagens submersas e subterrâneas entre as suas “arquiteturas de cloro”.
¹ curiosamente, porções de lagoa - essas sim naturais - foram retificadas durante a ocupação do território.
² um dos últimos grandes condomínios construídos no Recreio dos Bandeirantes ganhou o nome de “Ilha Pura”. Nada mais apropriado.
sinuosidade x retificação x natural x artificial